quarta-feira, 30 de junho de 2010

50 receitas.

64 dias.
Já fui capaz de contá-los mentalmente, de responder num estalar de dedos a quantos dias e horas e minutos eu desejava morrer. Hoje não mais, precisei abrir o calendário e fazer as contas de quanto tempo se passou desde aquela fatídica quinta feira de abril.
A dor anda me confundindo, entre passos firmes e tropeços, mas só dói porque é assim que tem que ser. Algumas feridas não cicatrizam nunca. Dói porque elas ainda são cutucadas, porque são apenas 64 dias, mas um dia hão de ser 64 meses e o mundo nem vai lembrar que fui machucada.
Eu consigo acordar de mente vazia. Não abro os olhos com raiva por ter o feito, nem tenho meu primeiro pensamento direcionado ao que eu mais queria esquecer.
Eu consigo ouvir muitas músicas que não conseguia e não me lembro da última vez que chorei. Eu consigo sorrir com alma e não apenas com os músculos faciais, eu sinto vontade de respirar.
De repente, eu acordei e não me fazia mais diferença.
Não dói mais não ter, dói ter me perdido.

"Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer..."
e não é que alguma delas, talvez tenha funcionado?

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